O Fenômeno da Impostora é o tema da pesquisa desenvolvida pela marca - caracterizado pela falta de confiança, durante as entrevistas, metade das mulheres afirmou que já deletou um post depois de publicar, pois se arrependeu e se achou feia ou pouco interessante
A Lancôme, marca que acredita na felicidade como a melhor e mais importante expressão de beleza e tem como seus pilares, falar sobre o empoderamento feminino, a autoestima, a síndrome da impostora e sobre sermos ídolas, encomendou à Ipsos, empresa de inteligência de mercado, um estudo realizado em março de 2023, que comprova que o Fenômeno da Impostora é um dos principais fatores que afetam diretamente a autoestima e a capacidade de realização das mulheres brasileiras, principalmente em mulheres da Geração Z (pessoas nascidas entre os anos de 1995 e 2010).
Em Abril, a marca promoveu um talk, que aconteceu em São Paulo, sobre como a síndrome afeta as mulheres. A apresentação foi realizada por Rafa Brites, autora do livro “Síndrome da Impostora” e contou com a presença de Marcela Ceribelli, CEO e criadora de conteúdo da Obvious, a atriz Gabriela Loran, a psicanalista Shenia Karlsson e Bianca Ferreira, head de comunicação, sustentabilidade e diversidade da L’Oréal, Luxo Brasil, em que Idôle propôs um debate sobre ídolas, mulheres reais que inspiram, convidando o público a identificar quem são essas mulheres em suas vidas, e também se identificar nelas.
O resultado da pesquisa, que entrevistou 500 mulheres brasileiras, de diferentes idades e diversos lugares do país durante a primeira quinzena de março, mostrou que a geração Z, de mulheres adultas nascidas a partir da última metade da década de 90, apresenta sentimentos de impostora ainda mais intensos: 3 vezes mais do que a geração Y (de nascidos entre 1982 e 1994). O número é ainda maior quando comparado com a geração X (nascidos entre 1960 e 1979), que aumenta em 5 vezes.
Segundo a literatura, a síndrome, muitas vezes, vem alinhada com uma alta frequência de stress e ansiedade, o que também foi encontrado na pesquisa feita para Idôle, através do uso do teste Clance, criado em 1978 pelas pesquisadoras Pauline Clance e Suzanne Imes, da Universidade Estadual da Geórgia, nos EUA, quando cunharam o termo “fenômeno da impostora”, ao conduzirem uma pesquisa com 150 mulheres em posição de destaque profissional, que revelou que quanto mais respeitadas e bem-sucedidas, mais essas mulheres se sentiam inseguras e acreditavam ser uma fraude.
Os resultados da pesquisa para Idôle mostraram que 73% da geração Z afirmou que se sente estressada/ansiosa ‘sempre’ ou ‘a maior parte do tempo’, índice superior ao das demais gerações: 59% para a geração Y e 37% para a geração X.
É importante lembrar que, apesar de não ser classificada como doença mental pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Fenômeno da Impostora é uma desordem psicológica, que afeta principalmente mulheres, caracterizada por pensamentos que reforçam a perda de confiança em si e a sensação de que o sucesso atingido não foi merecido e sim fruto da sorte ou do acaso.
“Queremos comprovar que é urgente e extremamente necessário termos um olhar gentil e empoderador para essa causa, assim como também podemos ser agentes transformadores. É essencial que cada vez mais possamos olhar para as mulheres do nosso dia a dia e entendermos que todas elas são fortes e ídolas. Venerar, idolatrar, endeusar. Usamos essas palavras para nos referirmos a quem está no palco, nos holofotes. Esquecemos de olhar para o lado - e para dentro -, pelo fato de não nos acharmos dignas de tal título. O fato é que inspiramos e somos inspiradas por ídolas da vida real – ainda que em segredo”, comenta Marcela Campos D'Ávila, diretora de Lancôme no Brasil.
Dados relevantes da pesquisa:
47% DA GERAÇÃO Z DEIXA DE POSTAR CONTEÚDO POR NÃO ACHAR RELEVANTE O SUFICIENTE
Isso mostra uma nova e importante faceta da síndrome da impostora: A digital. Quase 1/3 (29%) se identificou com a afirmação “Sinto que o que posto não é relevante o suficiente quando vejo o conteúdo de influencers famosas”, com um percentual superior para a geração Z, 39%.
A constante exposição a fotos digitalmente modificadas tem um impacto na autoimagem das mulheres que acessam as mídias sociais: 44% acreditam ser inatingível a imagem de mulher bem-sucedida projetada nas mídias sociais (número que sobe para 57% na faixa das mulheres mais jovens).
Na investigação qualitativa, 8 das 12 mulheres afirmam que preferem acompanhar outras pessoas a postar sobre si mesmas nas redes sociais. Para a maioria que prefere não postar, isso se dá pelo receio de exposição e para evitar julgamentos. Ao se retirarem do lugar de criadoras de conteúdo, as mulheres que se consideram “comuns” se colocam somente no lugar de espectadores nas redes sociais.
NÚMERO DESTAQUE: 59% DA GERAÇÃO Z TEM MEDO DE NÃO CORRESPONDER A EXPECTATIVAS FUTURAS QUANDO SÃO ELOGIADAS
Assumir o papel de espectadora em uma mídia social onde o intuito é a troca de exposição é deixar aflorar sua síndrome da impostora. Seis destas 12 mulheres afirmaram que já deletaram um post (foto, vídeo, stories) depois de postar, pois se arrependeram, acharam o post (ou a si mesma) feia ou pouco interessante. Metade das entrevistadas na etapa qualitativa também afirmaram que usam filtro (do Instagram, Tik Tok) que suavizam imperfeições do rosto ou as deixam mais parecidas com o rosto padrão (ou com retoques profissionais de foto), ao postar algum conteúdo.
E não é só no mundo digital que as mulheres se sentem mais impostoras. Se no início da constatação da Síndrome, em 1978, essa discrepância entre realidade e autoavaliação feminina estava restrita ao mundo do trabalho (ou assim se pensava), atualmente há muitas outras áreas da vida da mulher que são impactadas por sentimentos de inadequação, ou de falta. Na etapa qualitativa da pesquisa, já no início da investigação feita com 12 mulheres brasileiras fica evidente que a maioria das mulheres enxergam o “ser mulher” como dois lados da moeda: Um lado positivo e de orgulho (tenho liberdade de opinião, posso escolher minha carreira, posso conquistar meus sonhos) e um lado dolorido, de medo (casos de feminicídio e a impunidade, não sou respeitada, não sou valorizada, salários incompatíveis aos homens). Esse lado obscuro é o ‘manto’ da síndrome da impostora.
NÚMERO DESTAQUE: 85% DAS MULHERES BRASILEIRAS ADMIRAM MULHERES QUE TÊM AUTONOMIA
É nítida a busca por inspiração nas redes sociais. E as mulheres inspiradoras que as mulheres “comuns” identificam nestas redes e que criam esse espaço que legitima a autonomia da mulher brasileira possuem traços em comum: determinadas, possuem conhecimento, batalham e rompem barreiras, superam adversidades, são espontâneas, fogem do padrão.
As influenciadoras digitais carregam associação com ser empreendedora e empoderada.
Alguns exemplos citados foram: Camila Coutinho, Virgínia, Karen Bachini, entre outras. Celebridades de maior destaque nacional ou global também se destacam, mas muito pela atitude, história de vida e construção de autonomia (um caminho próprio, diferente do que a sociedade espera delas) do que pela beleza. Anitta é o grande destaque.
NÚMERO DESTAQUE: 85% DAS MULHERES BRASILEIRAS ADMIRAM MULHERES QUE PRIORIZAM SUA SAÚDE, TANTO FÍSICA QUANTO MENTAL
E não são só as trajetórias de mulheres mais bem sucedidas ou “distantes” que inspiram as mulheres “comuns”. Também estão no ciclo de inspiração e admiração as influenciadoras da internet com poucos seguidores, e que falam da vida real.
É justo nessa mistura de jornadas e referências – da mais bem sucedida à mais próxima delas – que a mulher brasileira busca encontrar o antídoto para a Síndrome da Impostora, que insiste em minar a confiança das mulheres. Ao se inspirar em mulheres de todos os tipos, em todas as áreas, elas se sentem mais confortáveis e validadas em trilhar seus próprios caminhos, sem se preocupar tanto com o que a sociedade espera delas.
Por,
Gisele Barros
Especialista em Perfumaria
Editora Chefe do Portal ALL SENSEZ
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